segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Hip Hop




Concordo inteiramente com o post anterior, mas sinto que o hip hop não é só uma forma de critica. Para mim há mais do que apenas o hip hop de intervenção. Não devemos esquecer que tudo surgiu precisamente em festas de bairro entre amigos, que pegavam no micro. Nos primeiros tempos não era de politica que cantavam, mas sim de festa insultos mútuos ( os famosos Sucker Mc’s ) e um pouco de tudo o que se passava a volta deles ( até há uma famosa musica que é a mera discrição de um tipo a comer macacos). Durante quase toda a década de 80 o hip hop éra underground sem nunca conseguir furar a barreira do guetto pelos mais diversos motivos, sendo os Run Dmc os primeiros a sair do anonimato local e a transportar o hip hop para o mundo. Gostava de falar de nomes que não estão de nenhuma forma ligados a critica ou a intervenção e nem por isso perdem o seu mérito ou o seu valor. Se dou uma festa para amigos de certo que é este hip hop que se adequa. Fat Boys, que cantam sobre comida, não perdem o seu valor por não denunciarem o racismo ou a sua visão da sociedade, cantam sobre o que gostam e fazem-no bem, ou Snop Dogg com o seu Doggystyle o cd numero um de quem quiser fazer a festa. È claro que como todos os estilos de musica o hip hop tem coisas geniais e também coisas indescritíveis, mas é como tudo quem gosta investiga e consegue sempre achar. Quanto a musicas sobre bitches quem já ouviu Jeru de Damaja compreende quando eu afirmo que não há mal desde que quando se refiram a “malicious, spiteful, domineering, intrusive, or unpleasant girls “. Easy E toda a sua vida cantou sobre bitches e acabou morto de Sida. Tal como o Jeru respeito muito as mulheres, mas é como tudo na vida, também não são poucas as musicas que insultam Homens, basta ouvir a “ Shame on the nigga “ dos Wu Tang Clan para perceber que isso também não é muito aceite por alguns. Quanto ao Gangsta Rap nem todo é mau, nem todo faz a apologia do “ Get Ritch or die trying “ como os postiços da MTV ( sim o Hip Hop da MTV é todo postiço. Não vamos esquecer que os verdadeiros gangsta não passam na Mtv. A MTV provocou polémica com os primeiros precisamente por se recusar a passar os seus videoclips, solucionando o problema por criar os seus próprios gangstas que de gangsta não tinham nada, dai serem postiços). Não vamos esquecer as origens do Gangsta, na vida do guetto e o espelho que este reflecte na música, entenderemos assim este subgénero como um grito do que se esta a passar e ninguem quer ver. Podemos ver bastante Gangsta de qualidade a começar pelo seu mais famoso idolo o Tupac. E nem todas as músicas sobre violência são necessariamente negativas, podem ser um apelo. Tambem encontramos no Gangsta uma forte mensagem social, como nas letras do Ice T onde vemos uma critica fortíssima ao uso de drogas, ou nos N.W.A que denunciam actos de racismo e criticam o uso de drogas.




È certo que torna-se difícil de defender musicas que fazem a apologia do “ Gin and Juice “ ou conjuntos em que o seu nome completo é Erik And Paris Making Dollars (EPMD) mas também é certo que nem toda a musica tem necessariamente que ser de intervenção, e se olharmos para o rock podemos estabelecer uma relação directa, pois também há bom rock, há mau rock, há rock de intervenção, há rock para ouvir em festas. Em suma acho que devíamos acabar com o preconceito acerca do Hip Hop, quem viu o Do The Right Thing de Spike Lee perceberá isso. O Hip Hop tem coisas boas e coisas más, apesar desta apologia a todas as formas de hip hop reconheço que o meu predilecto é o de intervenção tendo como principal referencia nomes como Gang Starr ou Public Enemy tendo estes últimos no meu entender o melhor álbum de Hip Hop de Sempre, “ It Takes A Nation Of Millions To Hold Us Back “.



FIGHT THE POWER

1 comentário:

Francisco disse...

Concordo na íntegra, Zé!
É evidente que nem todo o hip hop, nem nenhum estilo musical, é, nem deve ser, de intervenção. Por isso é que esse primeiro albúm do Snoop Dogg é um verdadeiro hino ao conceito de "party people". Mas embora reconheca essa diferença, reconheco no entanto um valor, não necessariamente superior, mas diferente, ao Hip Hop que trata as mulheres como iguais, que ignora armas e tiros, que não se orgulha em ostentar riqueza sempre que pode mas que o faz apenas como pedra de toque, que fala do ghetto mas também fala do que está fora dele precisamente porque tem uma visão mais alargada e cultivada...
Só uma correcção! E esta tenho mesmo que fazer porque é dos meus ídolos mais antigos: Tupac Shakur não é sé gangsta rap, nem muito menos o seu embaixador! Basta ouvires o seu primeiro albúm 2acalypse Now (1991) para dares conta da forte consciência crítica à sociedade norte-americana de então. Nesse sentido, recomendo que prestes atenção especialmente à "Words of Wisdom". Poesia revolucionária directamente de Harlem, New York. E como diz a música: "AERIKA, AMERIKA, AMERIKKKA...
I charge you with the crime of rape, murder, and assault!" Os 3 k's dizem tudo...

peace!

p.s. - "words of wisdom" tem ainda uma particularidade. É nela que Tupac define o que é, para ele, NIGGA. Never Ignorant Getting Goals Acomplishes... tudo menos os "iggas" de hoje!