domingo, 13 de janeiro de 2008

alugar um quarto em guantanamo

Um antigo dirigente condenado no processo das FP-25 provocou ontem um incidente no final do discurso do primeiro- -ministro sobre os desafios do desenvolvimento. Assim que terminou a apresentação de Sócrates, Mouta Liz levantou-se, exaltado, e acusou o primeiro--ministro de ter feito um discurso “de propaganda”. Liz berrou que “isso não passa de mentiras” e que “o primeiro-ministro não tem vergonha”.

João Luís Mouta Liz era um dos principais dirigentes da organização terrorista FP-25, criada por Otelo Saraiva de Carvalho. Foi preso durante a ofensiva feita pela Polícia Judiciária às ‘FP’, na denominada operação ‘Orion’, que deteve cerca de 70 pessoas. Foi condenado a 17 anos de prisão por associação terrorista, que não cumpriu na totalidade graças a uma amnistia.


As FP 25 de ABRIL efectuaram acções terroristas por todo o território nacional, após o 25 de Abril, matando 17 pessoas, entre membros das forças de segurança, funcionários publicos, empresários e um bebé de meses.

Antes um país que procura julgar aqueles que afectam a sua soberania através de actos horrendos de terrorismo, do que um país que perdoa caridosamente os seus assassinos, quando estes não se mostram minimamente arrependidos.

6 comentários:

Nelson Rocha disse...

"Antes um país que procura julgar aqueles que afectam a sua soberania através de actos horrendos de terrorismo, do que um país que perdoa caridosamente os seus assassinos, quando estes não se mostram minimamente arrependidos".....????

Inconcebível. Tás comparar algo tão distinto, que é imcomparável.
Ora vejamos, a questão de um preso que foi libertado (sem pensar no como), não pode ser comparado a um "sem número" de pessoas, que partindo do princípio da inocência, estão inocentes, visto nunca terem sido formalmente acusadas... Isto é profundamente revoltante...


Mas no cerne da questão está o facto de um pretenso terrorista estar solto; sim, de facto talvez merecesse estar preso... Acusado formalmente, julgado, preso. Fim da história. Agora (eu sei) que tu não sustentas um ideal, como o que transmita a prisão de Guantánamo.

Por fim, em ralação ao Senhor Liz, viveu numa época de tumultos em pleno processo revolucionário, o ideal justiça encontrava-se mais nos corações do que na lei. (não pretendo defendê-lo, talvez imagine o caos).

O caso da amnistia, não posso concordar, talvez inda merecesse o castigo. No entanto a solidariedade é o que faz caminhar o mundo... Uma vida sem arrenpedimentos simplesmente não é vida... Embora também ache que muito é indisculpável.



Abraço

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

mas Nelson, podes amnistiar quem não se arrependeu?

não concordo com guantanamo... mas que soluções tem os USA para manter os maiores criminosos longe das suas actividades... criminosas?

eu defendo uma solução. é deixar esses criminosos nas mãos da ONU. infelizmente, poucos são os que pensam como eu. Entre legalistas extremos americanos e protectores do terrorismo, eu fico na posição do meio.

Francisco disse...

Manel,

É bom saber que temos entre nós um indivíduo como tu preocupado com o mundo e com os "terroristas". A comparação que estabeleceste, além de uma falta de rigor imensa, traduz a política externa da administração Bush na perfeição, à excepção de que esta concorda e promove Guantánamo, enquanto tu dizes "discordar". Mas que "maiores criminosos" são esses de que falas? Epa... que afirmação perigosa leviana essa. Quantos indivíduos que entretanto saíram de Guantanamo, onde foram torturados e submetidos a condições desumanas de sobrevivência, e a quem depois foi explicado que a sua detenção fora afinal um erro, uma confusão? Quantos, Manel?? Quantos estão Guantánamo sem quaiquer provas contra si reunidas e sem prazo estipulado para acusão em frente de um tribunal? Quantos?? Escreverei brevemente um post em relação a esta comparação abjecta por ti feita, com a promessa de deixar um pequeno documentário sobre antigos "criminosos" encarcerados em Guantánamo.
Guantánamo coroa a hipocrisia americana e, pior do que isso, às claras e sem que ninguém faça algo para mudar as coisas. Vou-me poupar para deixar a minha opinião integral no futuro post.
Manel, já te sabia de ideias diferentes da minha. Isso pouco interessa. O que é decepcionante é que revelas os piores defeitos da direita mesquinha, reaccionária e maniqueísta.
Mas continuamos a ser amigos. :)

Um abraço

Zenhas Mesquita disse...

Já que andamos a falar do pós 25 de abril porque nao também condenar todos aqueles que no verão quente andaram a incendiar cedes do P.C.P e que nunca foram julgados, bem sei que nao é comparavel à morte de uma pessoa, mas serve de exemplo ao que se passou numa epoca conturbada da nossa história que é passado e como tal nao deve ser julgada com os olhos e a visão de hoje, mas sim ser analisada segundo a época em que se insere. A equidade faz também parte da justiça e nao podemos tentar caçar fantasmas do passado(as FP foram a tribunal, caso julgado). Tal como afirma o Noronha, em guantanamo não tiveram direito a tribunal, caso diferente do Português. Mas no caso de decidirmos caçar fantasmas sugiro que começem pelos Pides o verdadeiro instrumento de uma maquina de terrorismo de estado.

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

obviamente Noronha que há falta de rigor. o meu objectivo foi salientar a diferença entre políticas, um extremo ao outro.
espero com ansiedade pelo teu post, eu revelo-me, sinceramente, muito leigo na questão de Guantánamo.
só quis mostrar aqui a outra face da moeda. o país foi simplesmente demasiado brando para com aqueles que não se arrependeram com o que fizeram. este homem teve pena suspensa! tal como Otelo Saraiva de Carvalho!

não quis parecer mesquinho em relação a este ponto. Guantánamo é um método desesperado para fazer justiça "privada" se é que podemos falar assim em termos de política internacional, e actua como um instrumento repressivo. Porque é administrada em território legalmente pertencente ao povo cubano, porque é uma prisão multi-nacional de máxima segurança administrada somente por americanos. por usar métodos ilegítimos.

não defendo Guantánamo.
não defendo uma justiça cruel, virulenta e opressiva.
não defendo a política de paz armada, "Pax americana", da administração Bush.

mas também não defendo a repressão e o terrorismo. muitas vezes me pronunciei à cerca de guerra de guerrilha, estando de acordo quando esta se mostrava justa e justificável.
nada justifica a acção das FP. isto não é uma luta armada, é banditismo sanguinário, e isso eu não consinto.
Não digo que defendo o "uso" de Guantánamo. Isso não, nunca. Seria tornarmo-nos naquilo que combatemos tão arduamente, a ditadura, o Estado Novo.
Defendo o uso da justiça.

Zenhas Mesquita disse...

Sendo o caso das Fp um caso julgado, foi feita justiça. Guantanamo Legalmente pertençe aos Estados Unidos desde ha mais de 50 anos, estava ainda no poder Baptista.