sábado, 26 de janeiro de 2008

devaneios desintéricos

"O município de Roma aprovou uma moção apresentada pelo partido Refundação Comunista em que é pedido ao conselheiro municipal que as escolas separem as crianças ciganas nos autocarros escolares, em resultado de confrontos registados nos últimos dias.

A ideia recebeu, surpreendentemente (ou talvez não...), os votos favoráveis da Refundação Comunista e da Esquerda Democrática (SD), e os contrários do Partido Democrata, o mais importante da coligação no poder.

A moção foi aprovada depois de um grupo de pais ter exigido a separação nos autocarros após uma luta registada recentemente. Tratou-se, aparentemente, de um simples caso de escaramuças entre as crianças, ocorrido dentro do autocarro escolar, numa zona da cidade de Roma marcada pelo eleitorado fortemente de Esquerda e apoiante da facção autárquica que aprovou esta moção. Não contentes, os pais desejam mesmo um "regresso à situação de há anos, quando os estudantes ciganos viajavam para a escola num autocarro e os restantes noutro".
Para além da xenofobia evidente da medida propugnada, é interessante notar no facto de ter emanado de dois partidos de Esquerda, supostamente mais avessos a este tipo de medidas sociais. Recorde-se que, por exemplo, já as quotas para estrangeiros nas escolas pré-primárias da Dinamarca haviam sido sugeridas pelo Partido Social Democrata dinamarquês.
Tudo isto atesta o alargamento de uma certa "cultura de Medo" aos níveis mais verdes da sociedade, indiciando o apogeu de uma nova Era em que mansa e acriticamente todos somos capazes de sacrificar a ideia de tolerância e de solidariedade em prol de de uma determinada segurança.

Os políticos, à Direita e, pelos vistos, à Esquerda já perceberam isto, escancarando cada vez mais esta caixa de Pandora que é a Demagogia em Democracia e hipotecando, sem qualquer vergonha, os valores que diziam ser seus."


Estou em dúvida se a Esquerda de hoje é a auto-proclamada liberal cujos programas sociais distinguem ou se voltamos (ou nunca teremos saído) à "reformadora" esquerda pós-URSS.

6 comentários:

Miguel Madeira disse...

Parece que a história talvez esteja um bocado mal contada:

http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2008/01/comunismo_e_xen.html

Francisco disse...

Também me pareceu.
http://www.spectrum.weblog.com.pt/ vejam o post de 17 Janeiro 2008.

Sofia,
Em primeiro lugar, o Partido Social Democrata dinamarquês não é um partido que possas considerr como de "esquerda". É, tal como o PSD, um partido liberal, apologista do mercado livre e programas sociais não caacterísticos dos partidos que se apresentam como esquerdistas. A diferença para o PSD, é que o Partido Social Democrata é e tem quadros competentes. É uma direita que não existe em Portugal. A nossa prefere continuar presa a salazarices, beatices e cortes sociais sem fim...
Não entendi o que quiseste dizer com a "esquerda "reformadora" pós-URSS"... Gostava que me esclarecesses.

Já agora aproveitava para deixar aqui o site da Renovação Comunista portuguesa. www.comunistas.info Para todos os que têm arrepios quando ouvem a palavra "comunismo", sugiro que percam algum tempo a vêr os objectivos e propósitos da Renovação.

Um abraço

Anónimo disse...

Edukador,

"presa a salazarices, beatices(..) "? esclarece me esse teu ponto de vista.

Francisco disse...

É simples, Henrique:
A direita que temos em Portugal é, desde o 25 de Abril, com poucas excepções, a direita que apontei num post antigo ao Mane: "mesquinha e reaccionária". Uma direita incompetente e ideologicamente perdida. Uma direita que continua a não conseguir, passado 34 anos, condenar claramente um regime totalitário e opressor como foi o Estado Novo. Uma direita que continua sem conseguir tratar as coisas pelo seu nome. Salazar? Um grande estadista, pois claro. Uma direita que continua irremediavelmente presa aos dogmas e às instituições cristãs, fazendo-o inclusive questão de os demonstrar publica e orgulhosamente, repelindo por outro lado quaisquer outro tipos de confissões religiosas, e sendo a primeira a apelidá-las de mensageiras do "terrorismo". Uma direita que não conseguiu acompanhar a melhor direita nórdica, germânica e, em parte, inglesa: laica, realista e apologista da verdadeira social-democracia. Uma direita portuguesa que continua a não conseguir demarcar-se dos líderes fascistas sanguinários de séculos idos ou de movimentos racistas e xenófobos, preferindo desculpá-los (casos de Pacheco Pereira ou a Nova Democracia) e domesticá-los simpaticamente. Uma direita que não afronta de forma clara e audível estes movimentos de que falo. Claro que agora poderias, tu e muita gente, afirmar que também o PC e outros esquerdistas não condenam antigos líderes comunistas autores de barbáries repugnantes. Mas permite-me a minha individualidade: eu condeno-os, sem reserva. Condeno e repugno sem reservas Estaline, Mao, Cecescu, Pol Pot e outros. Da mesma forma que ataquei Chavez e a sua deriva totalitária aquando do referendo na Venezuela. Agora diferente de rejeitar indivíduos e regimes, é rejeitar ideologias. E aí eu não rejeito uma sociedade socialista que tenha a Democracia sempre como valor fundamental, e que na impossibilidade de a ter, então eu não dou o meu contributo. Mas sim, socialismo! Porque enquanto tanta gente por este mundo fora vegetar na miséria, é porque há sempre algo a fazer. E nesse sentido, no meu entender, a Esquerda será sempre a pioneira. Porque tem princípios próprios e basilares muito diferentes da Direita. Mas ainda bem... do confronto nasce a ideia!
A Direita portuguesa continua a ser o que sempre foi: elitista, populista e ineficiente. E, ao contrário de muita gente, isto não constitui para mim motivo de felicidade. Quem me dera a mim e a muito gente que tivéssemos um PSD ou um CDS competente e verdadeiramente activo. Mas isso implicava os atributos que tenha vindo a apresentar: realismo, laicidade, clareza nas ideias, competência. O que falta, evidentemente, a muitos quadros de formações partidárias de esquerda também. Mas o propósito aqui era dar resposta ao teu pedido sobre a direita portuguesa.

Um abraço

Max Spencer-Dohner disse...

lamento discordar...
O Partido Social Democrata Dinamarquês pertence à família política do socialismo moderado. A sua linha é semelhante ao PS português, faz parte da Internacional Socialista e está no mesmo Grupo Parlamentar Europeu que o PS português.

Se não cumpre com as medidas sociais que supostamente deveria defender...isso agora é uma questão totalmente diferente. As razões devems er as mesmíssimas que levam o "nosso" PS a não cumprir...

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