terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

se ainda estivéssemos lá nós, Francisco

A manifestação de estudantes do ensino secundário, que hoje se realizou no Porto, registou uma fraca adesão, facto que os organizadores justificam com o «conformismo» de muitos alunos relativamente à política do Governo.

«Existe algum conformismo por parte dos estudantes, que sabem que o Governo nada faz», afirmou Ricardo Teixeira, aluno do 12º ano, que esteve envolvido na organização da manifestação desta manhã nas ruas do Porto.

Para este aluno da Escola Secundária de Oliveira do Douro, em Gaia, a fraca adesão ao protesto pode ser também justificada com a «pressão» alegadamente exercida por responsáveis escolares sobre os alunos.

Isto é bem verdade...

A manifestação de hoje no Porto reuniu cerca de uma centena de alunos do ensino secundário que estiveram concentrados junto aos Paços do Concelho e seguiram depois, em marcha, para as instalações da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN).

A marcha, apesar de ter atravessado várias ruas do centro da cidade, não provocou nenhum transtorno no trânsito, tendo sido acompanhada em permanência por elementos das forças de segurança.

Os estudantes deslocaram-se de forma ordeira, mas muito barulhenta, gritando slogans como 'Quem não salta é do Governo' e 'Mentirosos, mentirosos'.

As faixas empunhadas pelos jovens, que faltaram às aulas para participar neste protesto, eram alusivas às suas principais reivindicações, exigindo nomeadamente 'Uma escola pública, gratuita, de qualidade e democrática'.

Foi lindo, pá.

Os estudantes entregaram na DREN uma carta reivindicativa com as suas principais exigências, esperando que o documento possa »chegar às mãos do Governo«.

Keep dreaming.

O fim dos exames nacionais é uma das principais exigências dos alunos do secundário, tendo Ricardo Teixeira defendido que »não é em duas horas que se podem avaliar três anos de estudos«.

12 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

nós, e os outros.

Pedro disse...

"uma escola pública, gratuita, de qualidade e democrática". ora bem penso que publica e gratuito é todo o ensino em portugal até ao ensino superior. Uma escola de qualidade: as nossas escolas são perfeitas, são as melhores? temos os melhores professores? Não! Não temos. Mas se o nosso ensino não tivesse qualidade como seria justificado o número de estudantes que ingressam no ensino superior vindos do ensino secundário público? A qualidade é a desejada? claro que não! há quem não saiba quem foi marcelo caetano, há quem não saiba matemática, há quem não saiba história. mas não sabem porque? estudaram como eu e vocês e nós aprendemos. O resto não aprendeu porque? estudassem!
Por último uma escola democrática. Não sei o que seja. O caro Ricardo terá de ir á sic noticias como o seu predecessor do ano passado explicar tal coisa, que eu não sei o que seja.

Agora o assunto mais polémico: Exames nacionais. São necessários? sim? não? Fazem realmente falta?
Vejamos as coisas assim. Para ingressar no ensino superior deve haver um obstáculo que implique um controlo qualitativo dos estudantes que nele ingressam? Eu acho que deve. Caso contrario o que teriamos? qualquer um estaria apto a ingressar no ensino superior. É por isso que depois há tantos estudantes com ensino superior acabado desempregados. Mais acrescento ainda que para mim é essencial uma nota minima de candidatura para qualquer curso superior. Por exemplo, só entraria no ensino superior quem tivesse mais que 14 valores no secundário.
Como tal, os exames devem existir.
Sempre existiram! sempre serviram para se saber quem está apto ou não! Têm sempre que existir!

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

na minha opinião Pedro, eu acho que o estado devia pagar tanto as propinas como os materiais escolares de todos os estudantes. parece que não, mas é onde se gasta mais dinheiro nas famílias, é em manuais.por isso, nao temos uma escola gratuita. no sistema escandinavo, o estado faz isto, e depois desconta dos futuros salários dos recém-formados. não sei se isso será a melhor solução, mas a mim parece-me a mais próxima do conceito de ensino público.
os estudantes do secundário deviam ter mais poder de decisão dentro da escola. e os professores, deviam ser alvo de maior respeito dento do recinto escolar. uma das acções passa por regular a questão das listas para a associação de estudantes do secundário.

quanto à admissão à faculdade...
acho que se devia fazer exames de aptensão para os cursos. tal como no Brasil, um estudante estuda matérias do curso que quer seguir, faz também um estudo de aptências vocacionais, enviar a sua média escolar à faculdade e esperar uma resposta. na minha opinião, estes deviam ser os conceitos de entrada para a universidade.

Francisco disse...

"estudassem"?
como se isto fosse uma simples questão de quero ou não quero estudar. Que afirmação tão perigosa de se dizer com tamanha leviandade...
Quanto à escola democrática, custa-me que não percebas o conceito. Porque a democracia não é uma qualidade exclusiva do poder político. É muito, muito mais do que isso.

Um abraço

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

tal e qual o Noronha diz.
Pedro, o funcionamento da escola não é domínio único da direcção. pertence aos estudantes, representados, a meu ver, preferencialmente pelos mais velhos ou pelos mais interessados, salientando aqui a necessidade de levar a sério estas coisas. E também pertence aos professores e funcionários.

Pedro disse...

agora tudo me ataca. vamos por partes. começo pelo fim Manel. Caso não saibas, mas o ensino superior brasileiro ainda consegue ser mais elitista e mais segregacionista das classes mais baixas que o americano. Aí sim, tens um ensino superior que é quase na sua totalidade público e exclusividade dos ricos. Tal parece-te correcto? A mim não. Claro que não. são muito bons esses testes, sem dúvida que são, pena serem só para alguns.
Quanto ao ensino não ser público, e agora refiro-me ao secundário, sabes bem que há subsídios para as famílias mais carenciadas, que pagam manuais, materiais, passes de viagem. Funcionam eficientemente? Não.Mas é o que temos. Parece-me a mim, tal como a voçês, que o ensino em Portugal não é perfeito. Mas defenderes um sistema como o brasileiro é tudo menos público. E falares do sistema escandinavo é tão absurdo como a ideia da flexigurança em Portugal porque funciona na dinamarca.
Defendo eu, para o ensino a exclusividade pública deste. Gratuito como tu o dizes manel não. Defendo-o gratuito, mas não com descontos futuros sobre o ordenado ( e tendo em conta o número de desempregados isso seria uma má medida). Defendo-o gratuito para todos de todas as classes.

Quanto ao conceito de éscola democrática não me parece que os estudantes devem ter qualquer poder de decisão no modo de funcionamento das escolas secundárias. Era uma parvoíce haver uma comissão, uma associação a poder influir no comando da escola e do ensino: isso compete a o estado e ás pessoas competentes e nomeadas para tal. Não Significa isto que os estudantes não tenham voz na escola, apenas não podem nunca querer mandar nela.

Passando agora ás associações de estudantes. Pergunto-vos: Jáfizeram parte de uma? Lembram-se das associações das vossas escolas? Se não vivem num país diferente do meu concordam que o seu papel é insignificante: organizam viagens de finalistas e fazem festas. São estes tipos interessados que querem com poder nas escolas?
Para terminar, quero apenas esclarecer que não acho desnecessárias as ae's no ensino secundário. elas devem ser um suporte do estudante ( de todos e não dos amiguinhos) e devem discutr e ter voz com os professores e no que diz respeito ao comando da sua escola. Nõ podem é mandar nela.

Francisco disse...

Pedro,

não explicaste o que quiseste dizer com aquela tua expressão por mim sublinhada.
Quanto ao sistema de educação brasileiro, não sei de facto como funciona. Se nos moldes aparentemente funcionais enunciados pelo Manel ou segregacionistas lembrados pelo Pedro. Já agora, Pedro, em que te baseias para o apontares como segregacionista? Não chegas a explicá-lo. Pelo que foi mencionado pelo Manel, não tem nada de segregacionista.

Quanto à democraticidade na escolas, estou em desacordo contigo, Pedro. Em primeiro lugar é muito vago e nada perceptível o que queres dizer com "mandar na escola". De "mandar na escola" só me lembro dos mauzões que batiam no pessoal e roubavam os campos de futebol ao pessoal que chegava primeiro.
Ninguém quer "mandar" na escola. A escola pública é uma instituição do Estado. Para docentes (porque nela exercem a sua profissão), funcionários (pelo mesmo motivo) e para alunos (pois nela desenvolvem as suas competências e adquirem formação para o futuro profissional). Ou seja, a escola é feita por todos e para todos. E por isso mesmo o seu funcionamento deve ser orientado, em moldes hierárquicos mas democráticos, pelos seus três elementos participantes. Penso ser assim o melhor meio para assegurar uma verdadeira escola pública de qualidade. Os alunos devem pois estar representados e fazer-se ouvir no que aos seus interesses e preocupações diz respeito, pois só assim uma escola verá beneficiados os seus primeiros e mais importantes destinatários: os alunos.
É verdade quando falas dessas Associações de Estudantes pelo país fora. Mas há excepções, felizmente. Por outro lado, por a regra ser assim, não obriga a que não lutemos por outro tipo de associações, associações que promovam a interação e participação dos alunos na sua segunda casa (ou que deveria ser a sua segunda casa).
Exemplo muito claro desta questão é o que Bolonha traz para as Universades precisamente no que toca à representação e participação dos alunos. Com a transformação das Universidades em "Fundações", o peso dos estudantes representados nos conselhos directivos reduz-se drasticamente. No sentido inverso, são nomeados, e não eleitos, "personalidades proeminentes" que passam a deter a maior influência nas decisões da universidade. "Personalidades" estas que no homólogo sistema americano de "Fundações" têm sido importantes senhores do capital e com grandes interesses e influências. É fácil de advinhar no que isto resulta...

Os descontos no sistema nórdico não são, a meu ver, um ponto negativo. Embora não seja conhecedor profundo dos moldes em que funcionam, parecem-me ser uma forma justa e profícua do Estado prestar um serviço público de excelência aos seus cidadãose de estes, de alguma forma, o retribuirem. Afinal, o Estado tem que ter retorno para o continuar a fazer e aperfeiçoar.
Pasmem-se só com isto: na Finlândia, aos jovens estudantes na Universidade, o Estado cobre 80% do renda de casa alugada. Não sei em que valores se balizam as rendas, mas não serão certamente os que Sócrates definiu há uns tempos atrás num decreto-lei. O Bloco fez um estudo sobre a matéria e chegou à conclusão que os valores definidos pelo Governo não davam para arrendar nenhum apartamento em Lisboa...

Um abraço

Pedro disse...

Vamos por partes novamente. Juntas aí associações de estudantes dos ecundário com faculdades. Eu penso que não me referi em altura alguma ás faculdades.
quanto ás ae's, eu não disse que nãos erviam pa nada. mas pensa comigo. Com 17 anos queres apenas copos, fumar charros na ae e baldar te ás aulas ( a generalidade dos estudantes). por isso te disse que não devem ter poder de decisão na escola. Porém não deixei de dizer que devem fazetr ouvir a sua voz.

Segregacionista? sabes qual é o unico pobre que estuda no brasil? aquele que tem 18 valores. Sabes que as faculdades brasileiras não dão bolsas a alunos bons ou razoáveis e apenas aos muito bons.
E o Manel pode agora argumentar que não é bem assim. Não é assim desde há 2 ou 3 anos em que esses alunos comçam a ter bolsas, mas mesmo assim ficam muito aquem do desejado.

Modelo finlandes. a cerveja brasileira se fosse feita em portugal também era boa. Não podes comparar 2 realidades totalmente distintas. Os problemas economicos portugueses não permitem tal coisa.
Mas tal não é desculpa. Esses estudo de que falas eu também vi e ouvi na tv e li no noticias. O problema por tugues com a cultura e educação é endémico, é estrutural. Nunca houve (nem há) competência nos varios governos portugueses. Esse modelo de apoio aos jovens e em particular aos estudantes nos paises nordicos e não só (Luxemburgo por exemplo) é o desejável. tu desejas, eu desejo, ele deseja. todos desejámos. agoar diz me, parece te que um pais que compara a exposição do Berardo ao museu do prado isso vai acontecer? tão cedo eu não vejo isso. O que nos resta fazer é e perdoem me a repetição é fazer oposição. lutar por isso com unhas e dentes que sremos ouvidos. Mas tanto tu como eu sabemos, no entanto que tal não está para breve

D. disse...

o grande problema destas manifestações é que muitos dos alunos vão protestar por coisas que não fazem sentido. é óbvio que têm de existir exames nacionais, embora concorde que seria bem mais eficaz seleccionar os alunos por testes de aptidão do que por notas, mas enquanto tal não mudar, então que se usem os exames, pelo menos estes podem barrar a entrada de muitos meninos ricos que compram notas em colégios, passando à frente dos meninos mais pobres que têm de saber para tirar boas notas.
concordo totalmente que a escola pública deveria ser totalmente gratuita, por exemplo como acontece em Cuba. e acima de tudo, tal como já devem perceber, acho que o ensino privado nem sequer deveria existir, pois não é rigoroso e conduz a muitas injustiças aquando das entradas nas faculdades públicas. afinal, se o privado tem melhor qualidade, esses alunos deveriam ingressar em faculdades privadas e não nas públicas.
(sinto que já me perdi aqui pelo meio)
quando ao papel das associações, elas são de facto na maioria compostas por pessoas que andam na escola para passear os livros. aliás, um bom exemplo era o da ESE manel, em que a associação era composta em grande parte por tipos que tinham 20 anos e andavam no 9º ano... não me parece sensato meter esta gente a tomar decisões numa escola.
P.S - quando à qualidade, podemos ter a certeza de que a escola pública tem maior qualidade que a privada, ou por algum motivo vemos a discrepância de notas entre os alunos e vemos muitas vezes essa mesma discrepância dentro do mesmo aluno, quando este estava na pública e passou para a privada. então em ciências é que se notam essas diferenças...

Francisco disse...

Fiz um comentário enorme e ele, pura e simplesmente, não apareceu, não faço ideia do motivo.
Fico na esperança que o blog faça um clik e ele apareça. Caso contrário, a frustração de um texto irremdiavelmente perdido faz-me abandonar esta discussão. :(

Um abraço

Inês disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Inês disse...

Subscrevo na íntegra o comentário da Daniela. Está tudo dito! Relativamente aos exames nacionais, é óbvio que não se avalia um aluno em 2 horas, mas infelizmente precisamos deles para diferenciar os alunos que têm notas merecidas e aqueles que simplesmente não fizeram nada por elas..pode haver uma ou outra excepção, mas no geral o ensino privado não devia sequer existir - nem ao nível do secundário, quanto mais ao nível universitário..
Infelizmente não me parece que estejamos a evoluir nesse sentido. Ao menos nós temos o privilégio(a acrescer ao mérito) de andar numa faculdade que se tem vindo a afirmar cada vez mais pela sua qualidade de ensino - os resultados dos nossos recém-licenciados não me deixam mentir. I'm glad.